O Concelho de Sousel foi profundamente marcado pelo pensamento Republicano e sofreria de alguns excessos que se viveram nos primeiros anos da República. O estreito vínculo entre pensamento republicano e educação fez da remodelação da rede escolar uma das principais bandeiras dos primeiros executivos municipais, pós-revolução do 5 de Outubro.
Paralelamente, manifestou-se pouco cuidado com o património cultural religioso ou associado ao passado monárquico: entre 1911-12, é ordenada a demolição das ruínas que restavam do antigo Castelo e pede-se a assimilação aos bens da Câmara de dois edifícios religiosos para neles se instalar algumas classes do sexo masculino, por se carecer de instalações escolares na freguesia de Sousel.
Em 1915, decide-se construir a nova escola no terreno do antigo castelo com as ajudas de uma contribuição benemérita e de um subsídio conseguido pelo então Ministro da Instrução, Dr. Joaquim Pedro Martins (natural de Casa Branca).
Outra característica da ação municipal, durante os primeiros anos da República, foi a melhoria dos serviços públicos e a evidenciação dos seus símbolos: em 1912, por exemplo, o edifício dos Paços do Concelho é amplamente reconstruído, readquirindo a traça original e, em 1919, é reedificado o pelourinho no local onde anteriormente se erguia (junto aos Paços do Concelho), depois de se encontrarem algumas partes soterradas do mesmo.
Os primeiros anos da República estão também marcados pela necessidade de construir novos espaços urbanos em Sousel, devido ao aumento da população residente: entre 1911-23, o Bairro Teles é aumentado e, anos mais tarde, expandem-se também as construções na Rua de São Sebastião. Ao que parece, o aumento populacional no início do século XX é comum a todas as freguesias do Concelho, pois as freguesias de Casa Branca e de Cano foram beneficiadas com novas construções urbanas, ainda em 1904: em Casa Branca, nasce o Bairro de Valenças e, em Cano, dá-se o alargamento das ruas do chamado Bairro das Maricas.
A partir da década de 20, os melhoramentos no Concelho traduzem-se sobretudo no aperfeiçoamento das vias de comunicação: para além dos constantes investimentos nas estradas vicinais e urbanas, a estação de caminhos-de-ferro de Sousel é inaugurada em 1925. A configuração urbana de Sousel viria ainda a ser alterada com o Projecto da Estrada da Circunvalação (1934), hoje uma das mais importantes vias rodoviárias da vila.
A partir dos anos 30, a instalação da luz eléctrica, da rede telefónica e da rede de águas e esgotos são os grandes investimentos do Município. Também na educação, se verificam grandes melhoramentos: todas as freguesias são beneficiadas com arranjos nos edifícios escolares existentes e com a construção de novas salas e, devido ao aumento do número de alunos, criam-se mais lugares de professor para as escolas do Concelho.
Nessa altura, a vida económica do Concelho de Sousel estava marcada pela notável produção agrícola, pela indústria de moagem de trigo e pelas produções de azeite e de cal para construções. Aliás, o Concelho de Sousel era, nessa época, considerado um dos melhores centros oleícolas do país, rivalizando com os melhores do mundo. A vida sociocultural de Sousel, na década de 30, contava com as importantes touradas que se realizavam na Praça de Touros da Serra de S. Miguel, e com o cineteatro instalado no Largo do Castelo, desde 1927. O Cine-Moderno, como se designava, exibia espectáculos todos os domingos e quintas-feiras. A vida desportiva do Concelho guiava-se pela acção dos clubes desportivos: Atlético Clube de Sousel, Grupo Familiar Souselense e Sociedade de Tiro aos Pombos.
Imagem:
«Planta da villa de Souzel…» C.M.S. s/d