O Concelho de Sousel situa-se na região do Alto Alentejo e pertence ao Distrito de Portalegre. Concelho tipicamente alentejano é constituído por 4 freguesias: Casa Branca, Cano, Sousel e Santo Amaro, sendo que à freguesia de Casa Branca pertencem os lugares de Almadafe e Vale de Freixo. Mas nem sempre foi assim, o Concelho passou por diversas alterações de ordem administrativa ao logo dos séculos.
Umas das primeiras referências à região que hoje compõe o Concelho de Sousel encontra-se na Carta de Doação de 1211, assinada por D. Afonso II e onde as vilas de Cano e Sousel são integradas no território fundador da Ordem de Avis. Para além desta referência, destaca-se também neste documento a citação à Ribeira de Almadafe - aquam de Almadafe, representando este a referência documental mais antiga a um topónimo do Concelho de Sousel.
Em 1258, no Foral de Estremoz fala-se de Sousel como sendo uma propriedade do rei, ou seja, um reguengo. Mais tarde, em 1341, através de uma Carta de Privilégios assinada por D. Afonso IV, Sousel deixa de ser um reguengo e os seus habitantes comprometem-se a erguer um castelo. A autonomia de Sousel durou pouco, pois em 1382 é emitida uma Carta de Perdão aos habitantes de Sousel pela morte do juiz de Estremoz, Gonçalo Anes de Alter (morto em 1379, em Sousel), na condição de Sousel voltar a ser um reguengo.
Sousel é cedido a D. Nuno Álvares Pereira em 1408, através de uma Carta de Escambo, passando, por herança para a filha deste, D. Brites Pereira de Alvim que casou com D. Afonso, filho ilegítimo de D. João I, dando assim origem à Casa de Bragança.
A 1 de novembro de 1512 é dado Foral à Vila de Cano pelo rei D. Manuel I, o mesmo que a 13 de fevereiro de 1515 dá Foral à Vila de Sousel. Mas os forais apenas vieram clarificar a lista de direitos e deveres das vilas de Cano e de Sousel, não foram os forais que fizeram destas vilas Concelhos, estes já existiam há séculos, como o atestam diversas cartas régias de privilégio.
Do original do Foral Manuelino da Vila de Sousel pouco se sabe, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo não foi encontrado qualquer registo referente ao foral. Existe no Arquivo Histórico da Casa de Bragança apenas um treslado do mesmo, feito em 1598 pelo tabelião de Vila Viçosa Manuel d’Araújo e autenticada por Bernardo José de Figueiredo e Silva em 1798, como estando conforme o original. (Richau, 2022) Não se sabe se o Foral da Vila de Sousel ainda existe e, a existir, onde estará.
No que diz respeito ao Foral de Cano, o mesmo encontra-se em mau estado de conservação e está à guarda da Junta de Freguesia de Cano.
Passados alguns séculos, o concelho voltou a sofrer novas alterações. Em 1836, através da Reforma Administrativa é suprimido o Concelho de Cano, passando o mesmo a ser uma vila do Concelho de Sousel, que viria também a ser eliminado pela Reforma Administrativa de 1855 passando, com as quatro freguesias que o compunha – Cano, Casa Branca, Sousel e S. João Baptista da Ribeira, para o vizinho Concelho de Fronteira. Menos de dez anos depois, em 1863, Sousel voltou a ser restaurado, pelo Decreto de 10 de julho, sendo novamente suprimido, por Decreto de 20 de setembro de 1895, e anexado com as quatro freguesias que o compunham, ao Concelho de Estremoz. Três anos depois, o Concelho de Sousel foi restaurado na íntegra, pelo Decreto de 13 de janeiro de 1898.
As últimas alterações administrativas que o Concelho sofreu foi em 1932 quando, através do Decreto n.º 22:009 de 21 de dezembro, a freguesia de Santo Amaro é retirada ao Concelho de Fronteira e passa a integrar o de Sousel e em 1966, com a extinção da freguesia de S. João Baptista da Ribeira e integração da mesma na freguesia de Sousel.
Em relação à gastronomia da região, destacamos as migas, a açorda e as sopas que tinham por base o pão.
A nível económico destaca-se no Concelho a produção de cereais, legumes e azeite e a criação de gado, com especial destaque para o gado ovino, sendo que atualmente Sousel é considerada a “Capital do Borrego”.
No que diz respeito a feiras destaca-se a Feira de São Miguel, realizada na vila de Sousel há mais de duzentos anos. No livro das Atas das Sessões de 1852-1854 é possível encontrar referências à arrematação do terreno da feira de S. Miguel: “Auto de arrematação do aluger do terreno em que hade ser colocada a feira de S. Miguel, desta villa feito a José Roque Júnior pela quantia de 35 mil réis”.
Mas a feira com referência histórica mais antiga até hoje encontrada é a feira de agosto da vila de Cano, referência essa encontrada num processo da Inquisição de 1643 (Richau, 2015). Esta feira volta a ser mencionada nas Memórias Paroquiais da vila de Cano, de 1758, “tem esta villa huma feira no dia vinte e quoatro de Agosto dia de S. Barttholomeu he franca e dura tres dias.” Destacar ainda que existiam na vila de Cano duas feiras, coisa muito pouco usual na época. Para além da Feira de Agosto existia também a chamada Feira Nova em outubro. Desconhece-se a data exata em que terá sido iniciada esta feira, provavelmente no século XX.
Tal como Sousel, também é difícil saber a origem do topónimo de Cano. Uma das hipóteses mais difundidas e aquela que a maioria das pessoas acredita ser verdadeira, afirma que Cano deve o seu nome à abundância de água que existia naquele local, derivando a expressão Cano, do latim Cannum. Mas, de acordo com João Richau na obra Contributos para uma monografia sobre a Vila de Cano (2012), tal expressão não existe em latim, apenas existe a expressão canum e esta está associada a cães. Na perspetiva do autor “uma outra hipótese para explicar a origem do topónimo, (…) poderia ser um qualquer cano que irrigaria os pomares da Comenda a partir da Fonte dos Olhos, na Roça (…) não custa imaginar em qualquer outro local um cano transportador de águas abundantes, que poderia ter dado nome à terra.”
Mais recentemente o autor, seguindo outra linha de investigação, concluiu que o topónimo Cano é bastante utilizado na Comunidade Valenciana, e que o mesmo é considerado a forma masculina de cana, ou seja, o significado da palavra estaria associado à presença no local de várias plantas aquáticas, tais como canas, caniços e juncos, que em latim se designam por canna, hipótese conciliável com a existência do aquífero e da vila se situar numa zona alagada, devido ao vazamento contínuo de tal aquífero.
Com Foral concedido a 1 de novembro de 1512, pelo rei D. Manuel I, a vila de Cano foi sede de concelho, sendo suprimido pela Reforma Administrativa de Passos Manuel em 1836.
Vila com grande destaque histórico, é possível verificar através de documentação mais antiga, a importância que este concelho detinha. Prova disso são a Lista de Fogos Almas que há nas Terras de Portugal, conhecida como os Censos do Marquês de Abrantes, pedida por D. João V em 1732 e publicada em 1736, e as Memórias Paroquiais de 1758, mandadas fazer pelo Marquês de Pombal com o objetivo de saber as consequências para o país do grande terremoto de 1755.
Em 1758 verifica-se que “a Vila de cano tinha 682 habitantes, repartidos por 183 fogos (…). A Vila de Cano tinha boas casas da Câmara, praça, prisão e pelourinho, açougue (talho) e casa de peixe. (…) Os moradores na Vila de Cano tinham vários privilégios antigo. Um, concedido por Frei Fernando Rodrigues, Mestre da Cavalaria da Ordem de Avis, datado de 1438, de 30 de agosto, concedendo autorização para semearem e colherem cereais e apascentar o gado no termo de Avis. Outro privilégio, concedido por D. Manuel I em Évora, em 28 de março de 1497, (…) seria uma confirmação de um mais antigo, concedido por D. Fernando, e que permitia aos moradores da vila cortar madeira no termo de Avis.”
Em relação ao Brazão e bandeira desta vila, temos as armas - escudo de ouro, um cano vermelho posto em faixa e de onde caem gotas de água nas extremidades, em chefe, flor-de-lis azul e, em ponta uma gavela de trigo, sobreiro e oliveira. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com letras pretas. Já a bandeira é composta por verde e amarelo, com cordões e borlas de ouro e verde e haste e lança de ouro.
Em termos festivos o destaque vai para a Festa do Dia da Freguesia (último fim-de-semana de junho) e as tradicionais Festas religiosas em honra de Nossa Senhora da Graça (por norma são realizadas no último fim-de-semana de julho).
Pelourinho de Cano
O Pelourinho foi erguido para festejar o Foral concedido à Vila por D. Manuel I em 1512. É coroado pelo símbolo da justiça e está junto ao edifício dos antigos Paços do Concelho, atualmente sede da Junta de Freguesia. Todos os forais recebiam uma representação visível: foral e pelourinho são um todo. O Pelourinho era a tradução pública do documento e o local de dignificação para esse documento. Do Pelourinho do Cano, conta-nos uma gravura antiga, o seguinte: “sobre pedra tosca restos do primitivo pelourinho, a elegante coluna manuelina sobrepujada da esfera armilar das descobertas, resultando o todo mais obra de arte do que no cenário próprio para expiação. A euforia em que se vivia tinha extensões no rendilhado marítimo das obras de arte da altura”.
Após muitos anos de negligência, durante os quais os fragmentos do antigo pelourinho foram dispersos por diversos locais, foi este novamente reconstruído e colocado oficialmente na praça em frente ao edifício dos Antigos Paços do Concelho de Cano, em abril de 1968. Do novo pelourinho, talvez a única peça original seja a esfera armilar.
Igreja Matriz de Cano
A Igreja Matriz da vila de Cano é dedicada a Nossa Senhora da Graça. É um edifício imponente, de frontaria larga e alta, com pórtico e frontão de mármore e, sobre a cimalha, um frontão com dois coruchéus nas extremidades. À direita, uma torre alta com quatro olhais de arcos redondos, cúpula campanulada com quatro pequenos coruchéus.
Em frente à Igreja temos o Jardim Público, com fonte datada de 1918 e um busto em homenagem ao Dr. António Garção, médico que exerceu a profissão na vila de Cano e considerado benemérito do concelho de Sousel.
De acordo com Richau (2019), a igreja “tem fundações, paredes e outras estruturas, que remontam comprovadamente ao seculo XIII. O que não invalida que a igreja seja ainda mais antiga” . Prova disso é um documento de 1260, assinado pelos bispos de Évora e Guarda onde eram definidas as fronteiras das duas dioceses. Neste documento consta a Igreja Matriz de Cano e também a de Sousel, comprovando assim que ambas já existiam nesta altura.
Igreja da Misericórdia
A Santa Casa da Misericórdia de Cano é uma das instituições mais antigas do Concelho de Sousel, sendo o século XVI a data mais provável para a sua fundação. A Igreja da Misericórdia da freguesia de Cano é um edifício datado também do século XVI, e fica situada na parte de trás do edifício dos Antigos Paços do Concelho. É nesta igreja que se realizam os velórios da vila e devido ao estado do edifício, o mesmo foi recentemente alvo de vultuosas obras de beneficiação e restauro suportadas pelo Fundo Rainda Dona Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e pela Câmara Municipal de Sousel.
No exterior, o templo apresenta uma frontaria simples, com um pequeno adro à frente, gradeado de ferro forjado. Do lado direito do referido monumento, situa-se uma torre sineira, relativamente pequena e de pouca elevação. Na parte inferior do frontão está um pequeno óculo responsável pela iluminação natural do templo. No interior, a igreja é de uma só nave e a cobertura da mesma é de madeira. O altar-mor é de alvenaria. Perto deste estão duas lápides sepulcrais, sendo uma delas, referente a um clérigo da Misericórdia, datada de 1629.
Nas paredes laterais do edifício encontram-se duas telas originais, com pinturas a óleo, de cenas religiosas.
Capela de São Sebastião
Edifício relativamente pequeno, com uma frontaria simples. Não se sabe ao certo o ano de construção desta ermida dedicada a S. Sebastião, uma das primeiras referências a esta capela data de 1519, no âmbito da Visitação da Ordem de Avis. “Ermida de S. Sebastião, que ficava no termo da vila. Esta ermida tinha um altar de alvenaria coberto com uns pedaços de manto e com uma toalha velha de linho. Na parede, sobre este altar, encontrava-se uma imagem de S. Sebastião, bastante mal pintada, no entender dos visitadores. (…) Edificada com paredes de pedra e barro, guarnecida com cal, encontrava-se coberta de telha vã e mal reparada. (…) O povo reconstruíra esta ermida por sua devoção e reparavam-na aqueles que, igualmente por sua devoção, o queriam fazer. Não tinha renda nenhuma, nem fazenda” .
No seu exterior, ao centro, por cima da porta que dá acesso ao templo, encontra-se um pequeno óculo responsável pela iluminação natural da capela. No adro, à entrada do templo, está uma lápide sepulcral com a data de 1722.
No seu interior, a capela é de uma só nave, sendo o altar-mor em alvenaria apresentando ao centro a imagem de S. Sebastião ao qual a capela é consagrada.
Torre do Álamo
É o monumento mais enigmático do Concelho e aquele que gera mais polémica e disputa da sua pertença entre as freguesias de Casa Branca e de Cano, pois ambas o reclamam como património da sua freguesia. A famosa Torre do Álamo ou Torre de Camões situa-se na Herdade do Álamo, uma propriedade privada, e encontra-se em adiantado estado de degradação.
A Torre do Álamo deverá ter sido construída nos finais do século XIV ou início do século XV. No entanto, são bem visíveis da zona restos de construções romanas, como tegulae e imbrices, que provam a existência na zona de uma villa romana, onde outrora ocorria um cruzamento de vias romanas secundárias (Richau, 2019).
Pensa-se que devido à altura, localização e aspeto da torre, a mesma terá sido também utilizada para o desempenho de funções militares, servindo como uma atalaia que permitia a comunicação à distância com os castelos de Avis, Estremoz e Évoramonte. Devido à Serra de S. Bartolomeu, a comunicação com o castelo de Sousel era impossível.
Sobre uma extensa planície coberta por olivais a perder de vista, situada no fértil Vale de Freixo, junto à margem direita da Ribeira do Almadafe, assenta a freguesia de Casa Branca.
No que diz respeito à origem do topónimo, a história mais conhecida é a de que o “nome tem fundamento numa casa caiada de branco, que se encontrava perto duma fonte. A princípio era a única casa que havia por aqueles sítios (…). Então, os viajantes quando passavam a essa casa e a essa fonte diziam que tinham passado à Casa Branca.” De acordo com o folclore popular, esta casa servia como referência aos padres da época que vinham de Évora e, ao passarem por esta casa sabiam estar perto do seu destino, Avis.
Mas, tal como os topónimos de Sousel e Cano é difícil comprovar a veracidade das histórias, uma vez que não existe qualquer prova documental acerca das mesmas. Sabe-se que a referência mais antiga e fidedigna ao nome Casa Branca data de 1532 e diz respeito a anotações de um monge francês, Claude de Bronseval, que visitou a Península Ibérica para inspecionar os monteiros filiados na Ordem de Cister (Richau, 2015): “12º dia – Partimos na parte da manhã, e encontrámo-nos em vales cortados por riachos e rios inundados, engrossados pelas chuvas recentes, que escorrem das montanhas. Vagámos sobre montes (…) e chegámos a um lugar muito miserável chamado Casa Branca. É um povoado na zona rural, que inclui seis ou oito casas, onde não fomos capazes de encontrar absolutamente nada. A partir daí, passámos por montanhas desertas até um vale em que atravessámos uma ponte de pedra sobre um rio chamado Tera. Não longe daí encontra-se, num local plano, uma cidade chamada Vimieiro.”
Ao analisar os relatos do monge percebe-se que Casa Branca não estaria situada no mesmo sítio que atualmente, a norte e numa zona plana, mas sim a sul da Ribeira de Almadafe, numa zona montanhosa, o que pressupõem que Casa Branca estava fundada em terrenos do termo de Pavia. Não é possível definir com certeza a sua localização, sabe-se apenas que ficaria perto da ermida de S. Brás, santo da devoção dos habitantes que mesmo após a alteração da localização da aldeia, continuavam a deslocar-se a esta capela em fevereiro no dia do santo.
Casa Branca, na atual localização terá sido fundada em finais do século XVI, entre 1558 e 1578, quando o Conde de Sabugal, D. Duarte de Castelo Branco, resolveu dividir a sua herdade no termo de Avis em pequenas courelas. Atraídos por terrenos mais férteis, os habitantes ter-se-ão deslocados para aqui e fundado uma nova aldeia, com o mesmo nome (Richau, 2015).
É uma freguesia essencialmente rural, onde grande maioria da sua população ativa se dedica à agricultura, tendo esta e a indústria lagareira um papel preponderante na economia da freguesia. Destaca-se também o vinho produzido na Herdade do Mouchão.
No Brazão da freguesia temos “as armas, escudo de azul, uma asna de prata acompanhada em chefe à dextra de três espigas de trigo de ouro, atadas de vermelho no pé e, à sinistra, de um cacho de uvas de púrpura, folhado de prata; em contra-chefe um ramo de sobreiro de ouro, frutado do mesmo. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro.” A bandeira é branca, com cordões e borlas de prata e azul e haste e lança de ouro.
Igreja Matriz de Casa Branca
A Igreja Matriz de Casa Branca, de invocação de Nossa Senhora da Graça está situada numa pequena praceta, no centro da povoação. A construção desta igreja terá sido iniciada, muito provavelmente, em 1579 após a população se mudar para a atual localização da aldeia. Esta mudança para longe da Ermida de São Brás fez com que fosse necessário construir uma igreja na aldeia nova. Mas, mesmo depois desta mudança, as pessoas continuavam a rumar à Ermida de São Brás, “A (ermida) que esta fora chamase de São Bras, e ao seu dia concorre a ela muita gente em romagem; no mesmo dia se faz ali no campo próximo a ermida hum mercado, o qual he livre. Esta ermida ainda que pertence a esta freguesia com tudo esta em termo da Villa de Pavia.”
Muito provavelmente, a Igreja de Nossa Senhora da Graça terá começado a funcionar em pleno, a partir de 1626, no livro de registo de óbitos da freguesia de Casa Branca menciona-se que os mortos eram enterrados na Igreja de Nossa Senhora da Graça e na Ermida de S. Miguel. (Richau, 2015).
Edifício de grandes dimensões, vimos na torra sineira esquerda duas janelas retangulares, uma delas falsa, uma janela circular, também falsa, e um relógio de sol. Na torre direita encontramos três janelas retangulares. Ambas as torres terminam em arco perfeito, tendo a torres esquerda um relógio no topo.
No interior da Igreja, ao centro está a imagem de Nossa Senhora da Graça, padroeira desta freguesia. O batistério encontra-se à esquerda, à entrada do templo. Na capela-mor e no corpo da igreja existem seis painéis com pinturas alusivas à vida da Virgem, todos com moldura e dosséis de talha dourada.
É nesta Igreja que são realizadas em agosto as tradicionais Festas em Honra de Nossa Senhora da Graça.
Igreja de S. Miguel Arcanjo (Igrejinha)
A Igreja de S. Miguel de Arcanjo, mais conhecida por Igrejinha pela população local, fica situada no Largo Cândido dos Reis. É nesta Igreja que são realizados os velórios da aldeia.
Esta ermida terá sido construída entre o século XVI e XVII. Em 1626, no livro de registo de óbitos da freguesia de Casa Branca já se menciona a ermida de São Miguel. A mesma volta a ser referida nas Memórias Paroquiais de 1758, pois sofreu danos com o terramoto de 1755.
É uma ermida de pequenas dimensões, apresentando no seu exterior um frontão recortado e um pequeno óculo para iluminação natural do templo. Apresenta na parte inferior do frontão e por cima da porta que dá acesso ao templo, um relevo com a imagem de S. Miguel Arcanjo. O interior é uma só nave, sendo o altar-mor em talha dourada. À direita encontra-se o altar de S. João Baptista e à esquerda está a imagem de Nossa Senhora do Carmo. No corpo da Igreja, do lado direito, está um pequeno altar com a imagem de S. Miguel Arcanjo.
Poço Largo
É um dos monumentos mais conhecidos da freguesia de Casa Branca, devido à sua forma arquitetónica original. Construído no final o século XIX, em 1896, este poço era muito importante para o povo, uma vez que era a principal fonte de abastecimento de água potável para toda a população da freguesia.
Este monumento compõe-se de quatro poços, com uma única nascente, sobressaindo ao centro uma pirâmide, da qual se destaca um poço em cada um dos lados.
Recentemente, e devido ao estado em que o monumento se encontrava, o mesmo foi alvo de obras de reparação e beneficiação, suportadas pela Junta de Freguesia de Casa Branca.
Ponte Dourada
Situada na Herdade do Mouchão na freguesia de Casa Branca, numa zona denominada Dourada, esta ponte do mesmo nome, é toda construída em pedra e por isso mesmo, também conhecida por Ponte de Pedra. Era antigamente a única ponte da freguesia e aquela que levava os caminhantes à outra margem, quando em tempo de chuvas, o ribeiro enchia.
É difícil perceber a data exata da construção desta ponte, mas não deverá ser anterior ao século XVI.
Santo Amaro está situado a oriente da vila de Sousel, na margem direita do Ribeiro do Lupe, numa típica paisagem alentejana. Esta é a freguesia mais recente do concelho e deve o seu nome ao Santo Amaro cuja imagem, de acordo com lendas da aldeia, foi encontrada numa zona de mato e onde posteriormente se ergueu uma ermita em louvor do dito santo, proclamado protetor da aldeia.
Igreja Matriz de Santo Amaro
A Igreja paroquial desta freguesia está situada à entrada da povoação e, de acordo com algumas informações foi construída no local onde se encontrou a imagem do Santo Amaro.
O edifício, que já sofreu muitas alterações ao longo dos anos, terá sido construído no século XV. De acordo com o Arquivo Distrital de Portalegre, a paróquia de Santo Amaro já existia em 1570 – “Antiga capelania da apresentação da Ordem de São Bento de Avis e, posteriormente, da Mesa de Consciência e Ordens. Pertenceu inicialmente à Dioceses de Elvas, onde se manteve até 1882. Pertence atualmente à Diocese de Évora, Arciprestado de Estremoz” . Prova concreta de que a igreja já existia em 1644 é o livro de registo paroquial.
Na parte exterior da capela-mor está a torre sineira, relativamente pequena e de pouca elevação com quatro olhais irregulares e remates recortados nas bordas. O interior da igreja é de uma só nave com teto de três esteiras, e está totalmente alterado em relação à traça original. Tem o corpo da igreja dois altares de alvenaria situados nos cantos do arco do cruzeiro enquanto o batistério e púlpito se encontram à esquerda.
No pequeno largo, em frente à Igreja Matriz de Santo Amaro encontra-se o cruzeiro feito em mármore, como padrão religioso desta freguesia.
Este templo consagrado a Nossa Senhora do Rosário recebe uma festa anual em honra da santa padroeira, no mês de agosto. E a festa anual do também padroeiro Santo Amaro, realiza-se durante o mês de janeiro, em data móvel.
Bênção do Gado
A Bênção do Gado é uma das tradições mais antigas desta aldeia. Esta festa secular é bem representativa da cultura alentejana, reunindo todos os anos centenas de pessoas na aldeia de Santo Amaro. Para além da parte religiosa da festa, onde o gado é benzido pelo pároco da aldeia, promovem-se os produtos endógenos da região, com destaque para o bolo branco, um ícone da freguesia.
Uma lenda sem qualquer fundamento histórico, mas muito enraizada na tradição popular e em documentos epigráficos da Vila, atribui a fundação de Sousel a uma frase pronunciada por D. Nuno Álvares Pereira na Batalha dos Atoleiros em 1384, “Ora sus a el”. Apesar de a história passar de geração em geração não tem o mínimo fundamento histórico, pois o topónimo “Sousel” aparece escrito 126 anos antes desta data, no Foral de Estremoz (1258) com a designação Reguengos de Sousel.
São vários os autores que tentaram explicar a origem do topónimo Sousel, há quem acredite na hipótese do nome estar ligado ao apelido Sousa, nomeadamente a D. Mendo Gonçalves de Sousa, conhecido como Mem Sousa, mordomo-mor do rei D. Sancho I, a quem este doou algumas terras, incluindo a zona que viria a ser Sousel. Outros abordam também a hipótese de Sousel derivar da abundante existência na zona do funcho Seseli.
Há ainda autores que defendem que o topónimo Sousel deriva do termo latino saxum, que significa rocha ou penedo, “o qual, com o passar dos tempos, originou Souso e, mais tarde, aplicou-se-lhe o diminutivo ello, originando Sousello, que por influência moçárabe teria dado Sousel.”
Outra lenda existente no Concelho é a que diz respeito ao Brazão do município. De acordo com a crença popular, em tempos passados o Concelho foi assolado por uma grande epidemia e, neste momento de grande aflição e angústia, a população orou a São Sebastião pedindo-lhe que os salvassem, ao que o Santo acudiu. A população, profundamente agradecida pediu à Câmara que construísse uma Capela em honra do dito Santo, a qual foi prontamente construída. Para além disso, o Brazão do Concelho passou a integrar a imagem do Santo. Apesar de a história ser uma lenda e não ser possível comprovar a veracidade dos fatos, é certo que o São Sebastião faz parte da história do Concelho. A Sala das Sessões dos Paços do Concelho ainda hoje exibe, na abobadilha, uma imagem em alto-relevo do mártir. Sabe-se também, através de informação encontrada no Livro das Atas das Sessões de 1852-1854, que existia em Sousel uma Feste em honra de São Sebastião.
O Brazão e a bandeira do Município foram alteradas em 1933, sendo compostos por símbolos mais de acordo com a história e economia do Concelho. No Brazão encontramos o escudo azul, com duas setas de ouro cruzadas em aspa, atadas com uma fita vermelha e acompanhadas de quatro abelhas de ouro, o contrachefe adornado de prata e azul, uma coroa mural e quatro torres de prata, listel branco com letras petas. A bandeira é amarela, com cordões borlas, haste lança de ouro.
Sousel é terra antiga, de ruas estreitas e tortuosas e, ao contrário da grande maioria das povoações alentejanas, não é limitada por grandes propriedades. A explicação para essa situação é simples e prende-se com o facto de a história do Concelho estar associada à história da Casa de Bragança.
Em volta da vila havia terras coutadas pertencentes à dita Casa, que só foram dividias no século XIX. Com o objetivo de utilizar as pastagens existentes em redor da vila, foi criada uma associação de proprietário, denominada Comissão de Pastos do Povo que geria os pastos pertencentes aos membros da dita Comissão.
A Vila de Sousel é sede de Concelho, logo é a mais importante das quatro freguesias que o constituem e a mais desenvolvida a nível económico. Aqui se concentram os principais serviços ao dispor dos munícipes.
Antigamente, a economia da freguesia de Sousel estava marcada pela produção de cal, que contava com inúmeros fornos dispersos pelo enorme maciço calcário que circunda a vila a sudoeste. Estes fornos tinham especial relevância na vida da comunidade local e a cal era exportada, em grande quantidade, para outras regiões. Sousel possuía também fábricas de moagem, panificação, refinação de azeites e extração de óleos do bagaço. A atividade económica da vila era ainda marcada pelos inúmeros lagares de azeite, carpintarias, serralharias mecânicas e fornos de tijolo.
No Brasão da freguesia de Sousel temos armas – escudo de ouro, com duas gavelas de trigo verde, atadas de vermelho e uma perdiz vermelha. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro com os dizeres Freguesia de Sousel. Já a bandeira tem fundo verde, cordões e borlas de outro e verde e haste e lança de ouro.